terça-feira, 2 de novembro de 2010

Reflexos das políticas de distribuição de renda e inclusão social

        Passou-se muito tempo no Brasil para se entender que somente olhando carinhosamente e, também, investindo nas classes mais necessitadas da população é que o país passaria a ter níveis econômicos e sociais mais elevados. Ou seja, o país teria crescimento econômico e social. Quem não lembra na “célebre” frase do ex-ministro Delfin Neto lá ainda no governo militar no General Figueiredo: “é preciso fazer o bolo crescer para depois parti-lo”. Esse era o pensamento dos setores mais conservadores e privilegiados da sociedade brasileira com acesso a melhores condições de vida. Isto é, algo somente para quem tinha uma certa condição econômico-financeira. Os demais deveriam continuar esperando o tão sonhado dia da benevolência dos políticos e dos mais favorecidos para então passarem a receber um pouco mais daquilo que precisavam para viverem mais dignamente. Esse foi um comportamento que perdurou no Brasil durante décadas, o que ocasionou um aumento absurdo da faixa de pobres e miseráveis e tornando o país incapaz de crescer e se desenvolver.
        Finalmente o Estado brasileiro entendeu que era necessário investir em programas de inclusão social e transferência de renda para sair daquele quadro de atraso e entrar para o mundo dos países mais evoluídos do ponto de vista econômico e social. Ora, o novo governo que assumiu o país em 2003 não inventou a roda nem descobriu o fogo, simplesmente aplicou uma ferramenta que chamamos em Administração de ¹Benchmarking. Que é simplesmente o método sistemático de procurar os melhores processos, as ideias inovadoras e os procedimentos de operação mais eficazes que conduzam a um desempenho superior. O Brasil fez exatamente o que fizeram a maioria dos países desenvolvidos no mundo atual: iniciar um processo de negociação e acordos pontuais de classe e, assim, começar a construção de uma sociedade de maior inclusão e equilíbrio social. Dessa forma, como aconteceu em boa parte do mundo contemporâneo, também o Brasil foi capaz de impor uma nova pauta política, um novo rumo e um novo ritmo de desenvolvimento ao país. Traduzindo tudo isso: o país passou a investir mais em seu mercado interno. Gente, essa foi uma das razões que fizeram os EUA tornarem-se a primeira potência mundial. Isso que fará com que a China brevemente ultrapasse os americanos e tomem esse posto. O país tem um mercado interno que ultrapassa 1,4 bilhões de habitantes, está se modernizando, até 2022 os chineses construirão 160 mil km de linhas para trem bala enquando o Brasil imagina construir pouco mais de 400 até as olimíadas de 2016 entre Rio e SP e, hoje, a maioria absoluta dos chineses com idade inferior a 25 anos falam inglês.
        Então, os vários programas de políticas e estratégias de combate a pobreza, desigualdade e exclusão social formam o grande leque de cnquistas do governo Lula que o tornou o mais aprovado pela maioria do povo brasileiro. O Brasil teve anteriormente em sua história apenas dois períodos semelhantes ao que estamos vivenciando. O período varguista, durante o qual ocorreu a consolidação do Estado nacional brasileiro e o desenvolvimentista com o reconhecimento dos direitos sociais dos trabalhadores, o período JK com os 50 anos em 5. Porém, nem o governo Vargas nem o governo JK promoveram inclusão social na proporção verificada no governo Lula. O Brasil tornou-se um país de classe média, pela primeira vez, mais de 50% da população economicamente ativa passou a fazer parte da economia formal e mais de 40 milhões de pessoas ascenderam socialmente.
        Esse fortalecimento do nosso mercado interno, onde a população de menor renda passou a ter melhores condições de vida possibilitou que também os de maior renda se beneficiassem. Os empresários puderam experimentar o efeito multiplicador da melhoria da renda dos seguimentos sociais mais pobres. Isto é, quando muitos têm poder de compra, a economia se movimenta mais rapidamente, todos ganham e o país, como um todo, cresce.
        O mais importante de tudo isso é que essas conquistas se deram de forma pacífica e hordeira. Em muitos outros países, antes de nós, houve revoluções sociais como a que está em curso hoje em nosso país. No entanto, foram conquistas consequentes de períodos de depressão econômica e enfrentamentos sangrentos e prolongados para que as transformações ocorressem.
        Para concluir, é importante destacar que estamos abordando a questão dos avanços sociais no Brasil e discutindo políticas atuais de distribuição de renda e inclusão social. Esse é o grande legado do governo Lula. No mais, o país ainda continua muito a quem do que deve ser um verdadeiro país desenvolvido. Mantemos, ainda, uma das maiores taxas de desigualdade social do mundo, nossa educação deixa muito a desejar, a saúde está precária e a sociedade brasileira vive apavorada pela violência. Esses problemas passam ser o maior desafio do próximo governo.

¹http://pt.wikipedia.org/wiki/Benchmarking

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